Que tal declarar o Imposto de Renda e ajudar as famílias fragilizadas economicamente com alimentos não perecíveis. Os profissionais de saúde, se quiserem podem usufruir da prestação de serviço sem pagar a declaração de IR pronta ou em troca de alimentos, sem custo adicional.
Essa foi a ideia da contadora Lucineide Araújo de Souza CRC/DF 018/444/0-6, que trabalha em Ceilândia. Fazer a declaração de Imposto de Renda em troca de mantimentos, em parceria com a Administração Regional de Ceilândia. A pessoa que quiser colaborar pode doar quanto ela quiser, está em aberto, a partir desta quinta (29) na AR de Ceilândia.
Imposto de Renda Solidário, segundo a Lucineide, tem por objetivo ajudar com alimentos, tais como arroz, feijão, óleo, macarrão entre outros, às famílias mais carentes, atingidas pela crise provocada pela pandemia do Covid-19.
Kit de alimentos
Os alimentos serão armazenados na Administração Regional para depois serem embalados em sacos compondo um kit padrão com os alimentos de primeira necessidade e outros para complementar como uma cesta básica.
Lucineide se comprometeu a comparecer dois dias por semana para ficar na Administração de Ceilândia, nas quintas e sextas-feiras, para trabalhar na organização com todas as medidas de precaução contra o Covid-19. A contadora conta com a colaboração da Chefe da Diretoria de Articulação (Diart) da Administração de Ceilândia, Sheila Gonçalves de Souza.
Além disso, Lucineide contou que já arrecadou alguns alimentos e passou para uma amiga que tem trabalha em um projeto social.
“Eu a procurei e entreguei no último sábado os alimentos, porque, até sábado passado, os alimentos estavam no escritório. Sem deixar que fiquem acumulados, já entregamos”, disse Lucineide.
Os mantimentos foram levados para o Sol Nascente para as famílias que a amiga assistente social já tem catalogadas. “O pessoal da administração e a Sheila ficarão por conta da distribuição, especificamente”, ressaltou a contadora, acrescentando que a Administração cedeu o espaço para ser um ponto de apoio de arrecadação.
Tudo OK Notícias quis saber de Lucineide como surgiu a ideia de colocar à disposição o serviço contábil para arrecadar os alimentos perecíveis.
A ideia de unir o trabalho de contabilidade com a ação social surgiu quando teve perdas de pessoas queridas para o Covid-19, inclusive uma das avós. “Fiquei sem chão, quase cai em depressão, e chegou à conclusão que precisava de uma válvula de escape. Eu ficava no HRCT noite sim, noite não em plantão à noite para ajudar uma tia que havia fraturado uma perna. Acompanhava durante à noite, por quase 30 dias até conseguir uma cirurgia, pois ela precisava ser tratada de uma infecção, primeiramente.”
Médicos não aceitaram serviço gratuito
Com a experiência na rotina do hospital, observando o trabalho árduo dos profissionais de saúde, foi quando ela teve a ideia de fazer a declaração para médicos, enfermeiros e o pessoal da limpeza, socorristas do SAMU, em suma de quem estivesse no front do atendimento, de forma gratuita.
“E os demais eu vou fazer em troca de alimentos. E os próprios médicos começaram a levar alimentos. ‘A gente vai contribuir também’, diziam muitos. ‘Pode tirar esse médico e enfermeiros não pagam porque todos irão contribuir com você.’ O pessoal no HRT inteiro fez o imposto comigo. Fiquei três dias lá, fiz as declarações de quase todos, só não fiz daqueles que já haviam feito. O pessoal em peso levou os alimentos e foram distribuídos rapidamente. Foi assim, a partir desses acontecimentos que idealizei o Imposto de Renda Solidário”, complementou Lucineide.
Lucineide revelou que a iniciativa do Imposto de Renda Solidário, foi inspirado na campanha da primeira-dama do Governo do Distrito Federal, Mayara Rocha, que chama “Solidariedade Salva”, a qual tem recolhido alimentos nos pontos de vacina espalhados pelo DF.
